sexta-feira, 23 de julho de 2010

Entrevista com Dr. Marcos Daniel (Secretário de Saúde de Matozinhos) FOLHA: Eu gostaria que o senhor falasse um pouquinho para a população de Matozinhos sobre a situação da questão da saúde, porque muitos gostam só de bater numa tecla de que a saúde está mal, que a saúde está dessa forma, está desta maneira. Mas eles às vezes não reconhecem que a questão da saúde já vem de séculos e séculos no Brasil, ela é agravante em todo o Brasil, ela é precária e com isso existem os profissionais que estão estudando, trabalhando e procurando a cada dia haver novas formas, as novas mudanças para a melhoria da saúde. Atualmente o quê que o secretário de saúde de Matozinhos tem a falar para o nosso leitor? M.D.P: O paradigma do modelo assistencial de saúde mudou. Antigamente ele era todo centrado em cima da assistência. Inclusive em administrações a idéia era botar o pronto-atendimento médico e esquecer de toda a rede básica. Só que o paradigma atual é que o PSF é a porta de entrada para o sistema SUS. Estamos tentando e temos trabalhado firme no sentido de reestruturar o PSF de Matozinhos, porque o PSFS é uma estrutura muito fragilizada. Para você ver nós temos dez PSF e quatro tem sede própria, a grande maioria são alugados. Nós estamos tentando fazer com que o cidadão matozinhense consiga enxergar que saúde e doença é um processo, ninguém adoece de um dia para o outro, ninguém cura de um dia para o outro, tudo isso demanda tempo. Agora, a cultura que foi estabelecida aqui por uma questão até mesmo de comodidade dos administradores anteriores era de investir tudo em cima, do atendimento hospitalocêntrico e do atendimento em cima do pronto-atendimento como tábua de salvação da saúde. Hoje em dia o Estado prova, vários estudos provam que os municípios que investiram na atenção básica, e adotaram o PSF como porta de entrada são os municípios que hoje tem o menor número de complicações de doença. Por que eu vou esperar um paciente com hipertensão arterial morrer de infarto ou morrer de derrame, ou seja, de AVC, se eu posso ter dez pacientes no PSF, tratá-los e evitar que isso aconteça. Aonde é que eu tenho que gastar esse dinheiro?. É com esse paciente que vai chegar no P.A. derramado ou da prevenção de que isso aconteça?. Eu não estou falando que deve-se deixar o P.A. de lado, não estou falando isso. Estou falando que a ótica atual é de que a atenção básica é a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde.

FOLHA: Bom, atualmente a Secretaria de Saúde vem fazendo campanhas principalmente de prevenção contra a dengue. A população de Matozinhos é informada, nós já vimos no mês passado, nos meados me parece, de maio, março, abril, alguma coisa assim, a Secretaria de Saúde colocando a disposição fumacê para combater a dengue, cartazes, faixas e etc... . O senhor acha que a população está cum prindo com as suas obrigações Dr.? M.D.P.: Não, acredito que não. Porque foi feito um levantamento que o maior número de focos encontrados são intra-domiciliares. Então o poder público está fazendo a sua parte. Foi feito o fumacê, nós temos o comitê da dengue que se reúne, várias ações estão sendo desencadeadas, mas o foco do mosquito é intra-domiciliar. Nós não podemos invadir a casa do indivíduo, nós necessitamos que o cidadão tenha consciência de saber que água parada dentro do seu domicílio é foco de dengue e tome a iniciativa de tirar, de retirar, de combater. Agora como te falei, saúde é um processo crescente. Então nós acreditamos que a medida que formos conscientizando a população, formos trabalhando, consigamos mudar essa questão histórica, educacional e a partir daí tenhamos melhores resultados com a nossa reunião. FOLHA: Agora o povo quer saber, o povo precisa saber. Existe por parte de alguns oposicionistas ao governo atual, á administração atual, que querem bater numa tecla colocando simplesmente que a saúde está assim, o P.A. está desse jeito, os PSFS estão deste jeito, dando informações negativas para a população e isso através mesmo de certos meios de comunicação Dr.? M.D.P.: Olha, eu sou um técnico, não sou um político. Mas também sou cidadão, eu moro em Matozinhos ou melhor, eu já morei aqui em Matozinhos há mais de 20 anos e eu já vi político ser eleito, já vi político não ser eleito usando o discurso da saúde. Então, a saúde queira ou não queira ela dá voto, ela tira voto e ela é um campo aberto á política. Agora uma distinção que tem que ser feita é uma distinção bem clara. Nós temos que fazer distinção de política de saúde e não politicagem da saúde. Fazer política de saúde hoje em dia é exercer a função de sanitarista, é fazer a função de técnico vinculado á uma política pública do estado de Minas Gerais. Assim, eu acredito nisso, desenvolvermos ações que venham de encontro á política do Estado de Minas Gerais, do Governo Federal. Agora a politicagem na saúde aí... são questões que eu fico simplesmente observando, não acho que tem que comentar muito não. FOLHA: Ninguém quer ficar doente, isso aí é um ditado bem certo. Mas o povo no entender a técnica que o senhor chegou a falar, deveria também ser fiscal da sua própria saúde. Ele deveria olhar por exemplo...hoje em Matozinhos tem fatos nós não vamos citar aqui o nome, más á sacolões aqui para o senhor ver, que fica aí com verduras expostas tomando esse alto índice de poluição, de poeira e etc... .Isso tudo também tem a ver com uma forma de transmitir as doenças ?, de prejudicar a saúde do cidadão?, há como o povo ajudar também a fiscalizar esse tipo de situação? M.D.P.: Com certeza. O conceito de saúde pela a OMS, antigamente era encarado como uma negação, ou seja, saúde era a negação da doença, então ter saúde era a mesma coisa de não estar doente. Depois de 1946 a OMS mudou esse conceito, a saúde passou a ser um conceito muito mais amplo que envolve o bem estar bio, psíquico e social do indivíduo. Então o conceito de saúde se formos falar da maneira como a OMS definiu, o sistema de saúde hoje em dia não é só o orgânico, saúde envolve até mesmo o ambiente que as pessoas vivem. Agora o conceito de saúde está também no aspecto cultural, o que é saúde para nós aqui no Brasil, pode não ser saúde para um país europeu, pode não ser saúde para um país oriental. Então o conceito de saúde sofre variações culturais, variações sazionais por região. De repente o quê que o cidadão de Matozinhos entende como saúde, não é a mesma coisa de quem está na região sul entende como saúde. O conceito de saúde é muito heterogêneo. Agora grande parte das doenças que nós vivemos estão relacionadas ao nosso tipo de vida. Carne gorda, aumento de colesterol, aumento do stress, sedentarismo, falta de atividade física, falta do uso de medicação, então são várias situações que influem de forma decisiva na saúde. Quando você vê o paciente no hospital, você está pegando simplesmente a ponta do iceberg. Então por exemplo se já está lá um paciente hipertenso, que está diabético e descompensado e aí quando você vai fazer o histórico do paciente, descobre que ele não fez dieta, ele não fez atividade física, ele não lutou para ter saúde. FOLHA: Bom vamos voltar numa outra parte agora, que é sobre a questão de perseguição aos profissionais da saúde. Porque o jornal Folha Popular é um jornal autêntico como o próprio nome diz é popular, fala a linguagem do povo á tempos atrás, nós ficamos sem entender o porque. Porque muita das vezes de um lado nós pensamos assim: ``Será que foi a oposição que articulou esse tipo de situação para prejudicar esse ou aquele indivíduo ou profissional?´´. Isso eu estou citando na questão de um caso que houve com um médico no PSF do bairro Bom Jesus de uma moça alegando dele ter passado a mão. Para mim isso deu no entender que um profissional hoje que estudou a fundo a sua faculdade deixar a sua carreira ir ao leo por um situação meio complicada O senhor acredita nisso Dr.? M.D.P.: Eu não acredito. Inclusive eu deixei até registrado na imprensa na época que eu encarava aquilo como sendo um mal entendido. A própria atitude do profissional depois que aconteceu o escândalo, ele veio para a secretaria me pedir orientação. Se ele fosse um cara safado, um cara mal intencionado, a atitude dele não seria essa. Então, eu não acredito nisso não. Eu não sei o quê que aconteceu, eu não tenho como falar para você também se houve má fé da outra parte, eu não sei o que aconteceu. O caso tornou-se um caso judicial e agora a justiça é que vai estabelecer se tem culpados, quem tem razão, quem não tem, agora está a cargo da justiça FOLHA: Bom, agora eu gostaria que o senhor me colocasse a questão orçamentária atual. Porque muita das vezes a pessoa só fala que para poder fazer a saúde fluir é verba, é dinheiro e nós sabemos que tem coisas que dependem da verba, dependem do dinheiro, mas também existem maneiras, formas de você cuidar da saúde e a saúde está dando alí a sua assistência diária sem o dinheiro a frente. O senhor acredita nisso ou isso é por exemplo um conto de fadas. Nós estamos precisando de dinheiro para poder a saúde ir a frente, nós estamos precisando de dinheiro para isso, nós estamos precisando de dinheiro para aquilo´´, sendo que tem vez que às vezes o próprio indivíduo vai a um consultório médico, a um PSF, a qualquer coisa porque cismou que ele está doente, que ele está passando mal, ele chegou lá e às vezes não tem problema algum, então o que o senhor tem a falar a respeito disso? M.D.P.: Olha, eu acredito que para se fazer saúde não se precisa de dinheiro. Essa premissa é verdadeira?. Até certo ponto sim, a saúde preventiva normalmente está relacionada a um processo de conscientização. Então, conscientização é aquela questão, se você está conversando com o outro e orientando o outro. Nesse aspecto acho que não precisa de tanto dinheiro. Já no aspecto da doença, aí você precisa da medicação, do exame, aí você precisa de uma atenção mais especializada. Aí sim você precisa de dinheiro, porque sem dinheiro você não consegue ter acesso a esse instrumental todo.Mas vou te dar uma notícia. Foi feito um levantamento pelo Estado e nesse último quadrisemestre, Matozinhos conseguiu atingir todas as metas do Estado. Então conseguimos atingir todas as metas de prevenção de cólon do útero, todas as metas de pré-natal, todas as metas de vacinação de um calendário multivacinal, inclusive conseguimos bater todas as metas. Como é que nós conseguimos isso?. Motivando o funcionário, orientando a população a procurar o serviço e é um trabalho árduo porque às vezes, não é tanto o dinheiro, às vezes mesmo é mais a questão de nós estarmos coordenando o serviço. A saúde é cara?.Sim, mas nós temos que gastar com quem precisa, que seja gasto e nós temos que orientar quem tem que ser orientado. De maneira geral a saúde de Matozinhos melhorou, eu desafio qualquer um a falar que piorou. Quando houve o início da administração grande parte dos PSFS não tinham médicos, hoje em dia todos os PSFS tem médicos. O P.A. estava sem médico no pronto-atendimento, hoje tem médico no pronto-atendimento. Agora nós estamos com sorte ou sem ela aqui em Matozinhos, por uma questão histórica. Não se investiu na saúde o quanto tinha que se investir. Então não se construiu um posto de saúde, não se reformou o P.A., não se deu manutenção nas ambulâncias e agora parece-me assim, por uma questão até mesmo de assédio moral, as pessoas querem que o governo atual dê conta de tudo ao mesmo tempo e isso é impossível. Nós temos que fazer uma agenda, programar o que vai ser feito e resolver os problemas um a um. O PSF do Vitalino Fonseca está sendo reformado, as ambulâncias foram adquiridas, o P.A. se Deus quiser vai ser reformado, na Unidade Tipo 2 do bairro Bom Jesus já foi feita a terraplanagem e assim sucessivamente, nós viemos cumprindo a agenda. Agora as pessoas querem que a administração resolva tudo de uma vez, isso é impossível. FOLHA: O senhor falou a instantes, eu percebi umas palavras. O senhor disse por exemplo o pobre não é feliz e sei lá e depois o rico tem saúde e não sei lá o que. Eu não entendi bem, o senhor poderia falar para o nosso leitor?, porque eu achei muito interessante. Hoje em dia nós vemos muitas pessoas descarregar em cima do poder público, certas coisas por exemplo eu já presenciei isso na Prefeitura, de pessoas chegarem na administração dizendo: ´´Ah, eu estou com minha conta de luz aqui. preciso pagá-la ´´ Como se fosse obrigação do poder público de pagar conta de luz.,´´ah, o meu gás acabou´´, como se fosse obrigação do poder público de comprar o gás. Você tem prioridade em muitas outras coisas, então a frase fala que quem é pobre é feliz e quem é rico não é feliz. Acho que mais ou menos assim, existe alguma coisa parecida? M.D.P.: Felicidade e tristeza são estados íntimos das pessoas. Não quer dizer que todo pobre é feliz ou infeliz e nem que todo rico é feliz ou infeliz. Mas também não quer dizer que a pessoa por ser pobre deve ser infeliz, eu conheço várias pessoas que são pobres e são extremamente felizes e vice-versa. Eu acho que esse estado íntimo das pessoas se completa a medida que a pessoa tem realização profissional, a medida que a pessoa tem uma boa família, uma boa orientação familiar, uma boa orientação de escola e que se sinta abrigado pelo poder público, dentro das funções que são do poder público: saúde, educação e segurança pública. Agora outras questões que permeiam o conceito de felicidade, aí já são muito individuais. Tem pessoas que querem jogar sua infelicidade ou justificar sua infelicidade em cima de uma incompetência do poder público. Acho que as pessoas misturam as coisas, esse estado íntimo de felicidade e infelicidade está relacionado mais a questões íntimas mesmo, próprias do ser humano. FOLHA: Agora para que o nosso leitor tenha conhecimento, fique bem mais próximo ao senhor, fale um pouquinho do Dr. Marcos Daniel o secretário de saúde do município de Matozinhos. M.D.P.: É difícil falar da gente mesmo. Eu sou um médico ginecologista, obstetra por formação, sou médico sanitarista, sou especialista em patologia do cólon do útero, sou advogado, fiz o concurso da OAB e sou uma pessoa como qualquer outra aqui dentro domunicípio, que torce para que o município... que torce, que trabalha piamente para que o município venha a evoluir para diminuir as desigualdades sociais e o povo de Matozinhos deve ser feliz. Eu acho que devemos buscar a felicidade não só para a gente, mas para todo mundo. Então ser secretário de saúde ou estar secretário de saúde é uma busca talvez de trazer felicidade para as pessoas. Pode ser que talvez num primeiro momento nós não sejamos ainda compreendidos, mas o trabalho está sendo feito para que as pessoas sejam felizes, para que as pessoas possam ter saúde. FOLHA: Então, o jornal Folha Popular agradece o senhor pela entrevista e vamos aí o pessoal, a população, você leitor, você matozinhense, você cidadão, vamos ajudar, vamos procurar ser parceiros para a melhoria do nosso bem, do nosso município, da nossa cidade. O Folha Popular ao Dr. Marcos pela entrevista e caso a população precise procurar o senhor, eu acredito que o senhor vai estar a disposição também para receber. M.D.P.: Com certeza. A secretaria sempre esteve de portas abertas, não só para receber denúncias, não só para receber reclamações, não só para receber críticas, mas sempre estamos de portas abertas e sempre trabalhando no sentido de estar melhorando a vida do cidadão de Matozinhos. FOLHA: O Folha Popular torce para que venham elogios e que com certeza nós vamos receber boas notícias. Obrigado. Marcos TV Local Folha Popular

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